Tropas governamentais vindas de Machico, a caminho de Santa Cruz na revolta da Madeira de 1931, ilha da Madeira
Descrição
Tropas governamentais vindas de Machico, a caminho de Santa Cruz
Perestrellos Photographos, 2 de maio de 1931
Negativo simples, vidro, gelatina sais de prata, 13 x 18 cm.
MFM-AV, Inv. PER/4044
Fotografia de que o bilhete-postal foi pub. por António Luís Alves Ferronha, "Revolta na Madeira. 1931", in Revista Atlântico, revista de temas culturais, revista quadrienal com direcção de António Loja, n.º 12, Inverno de 1987, p. 306.
O pronunciamento da Revolta da Madeira iniciou-se pelas 07h00 de 4 de abril de 1931, numa operação chefiada pelo tenente médico Manuel Ferreira Camões (1898-1963), que envolveu forças de Caçadores 5, Metralhadoras 1, Infantaria 13 e Artilharia 3, que toma o Palácio de São Lourenço, onde são aprisionados os coronéis Silva Leal (Alto Comissário do Governo) e José Maria de Freitas (Governador Militar). O Governador Civil de então, o capitão Almeida Cabaço, é também detido. Nesse mesmo dia, foi constituída uma Junta Governativa da Madeira, presidida pelo general Sousa Dias (1865-1934) e composta pelos oficiais Armando Hasse Ferreira, Augusto Casimiro, Carlos Bragança Parreira, Carlos Vilhena, Fernando Freiria, Filipe de Sousa, José Mendes dos Reis, Manuel Ferreira Camões e Sebastião Costa, que declara só depor armas assim que o Governo de Lisboa assegure o retorno ao sistema constitucional e o fim da censura.
Os revolucionários obtiveram o apoio imediato da população, que se manifestou favoravelmente no Largo da Restauração, e que já havia protestado veemente contra as políticas económicas restritivas do Estado, na chamada Revolta da Farinha (entre 4 e 9 de fevereiro de 1931). A grave crise económico-financeira que assolava a Madeira e o manancial de deportações para a (e da) ilha, de dissidentes civis e militares que participaram em movimentos insurrecionais (o primeiro ocorreu na Revolta de fevereiro de 1927), propiciou o sucesso inicial da Revolta da Madeira, que teve repercussão em algumas ilhas dos Açores, Guiné Portuguesa, Moçambique e São Tomé, que se sublevaram no mesmo mês. A rápida supressão desses levantamentos por parte do regime, a incapacidade de replicar o pronunciamento no continente e a falta de armamento, irá hipotecar o sucesso da Revolta da Madeira, que, todavia, foi a de mais longa duração (28 dias).
Nesse curto espaço temporal, foi possível reunir a adesão da grande maioria dos partidos políticos locais, e formar um governo provisório onde o General Sousa Dias assumiu o Poder Executivo e Legislativo em acumulação com o Comando Militar da Madeira, secundado pelos coronéis Augusto Freiria (Chefe do Estado Maior) e Mendes dos Reis (Comandante das Forças), e ainda por Ferreira Camões (Delegado das Forças revolucionárias). Foram nomeados como Subsecretários, os cidadãos Dr. Manuel Pestana Júnior (Economia Pública) e Carlos Frazão Sardinha (Comércio e Comunicações). Entre as primeiras ações da Junta Revolucionária da Madeira, encontram-se medidas populistas como a revogação do decreto (da fome)19.273, concessão de empréstimos à indústria de bordados, proibição de especulação sobre bens essenciais e ativação de mecanismos de defesa. Perante o cenário de conflito armado, as nações estrangeiras com interesses na região acionaram meios, sendo que no dia 8 de abril já se encontrava fundeado na baía do Funchal o cruzador inglês London, com o intuito de proteger os súbditos britânicos e seus bens.
A reação do Estado ganha visibilidade a 7 de abril, altura em que partem forças de Lisboa para dominar a revolta, sob o comando do coronel Fernando Borges. A 24 e 25 desse mês, partem novas expedições para a Madeira, respetivamente sob o comando do Contra-Almirante Magalhães Correia e do Coronel Carneira. As hostilidades começam no dia 26 de abril, no Caniçal, e nos dias que se seguem ocorrem novos ataques na Calheta, Funchal e Machico, sendo que os combates mais intensos ocorreram no dia 30 (Caniçal e Machico). No dia seguinte, as forças governamentais bombardearam o litoral Sul e tomaram Machico, onde se verificam mortos e feridos. No dia 2 de maio, perante a incapacidade de contrariar as forças governamentais, que atacavam por terra, mar e ar, a Junta Governativa da Madeira, reunida no Porto Novo, envia um telegrama de rendição ao ministro da Marinha. Seguir-se-iam represálias de ordem económico-financeira e penas de degredo em África (Cultura Madeira, 4 abr. 2021).
Perestrellos Photographos, 2 de maio de 1931
Negativo simples, vidro, gelatina sais de prata, 13 x 18 cm.
MFM-AV, Inv. PER/4044
Fotografia de que o bilhete-postal foi pub. por António Luís Alves Ferronha, "Revolta na Madeira. 1931", in Revista Atlântico, revista de temas culturais, revista quadrienal com direcção de António Loja, n.º 12, Inverno de 1987, p. 306.
O pronunciamento da Revolta da Madeira iniciou-se pelas 07h00 de 4 de abril de 1931, numa operação chefiada pelo tenente médico Manuel Ferreira Camões (1898-1963), que envolveu forças de Caçadores 5, Metralhadoras 1, Infantaria 13 e Artilharia 3, que toma o Palácio de São Lourenço, onde são aprisionados os coronéis Silva Leal (Alto Comissário do Governo) e José Maria de Freitas (Governador Militar). O Governador Civil de então, o capitão Almeida Cabaço, é também detido. Nesse mesmo dia, foi constituída uma Junta Governativa da Madeira, presidida pelo general Sousa Dias (1865-1934) e composta pelos oficiais Armando Hasse Ferreira, Augusto Casimiro, Carlos Bragança Parreira, Carlos Vilhena, Fernando Freiria, Filipe de Sousa, José Mendes dos Reis, Manuel Ferreira Camões e Sebastião Costa, que declara só depor armas assim que o Governo de Lisboa assegure o retorno ao sistema constitucional e o fim da censura.
Os revolucionários obtiveram o apoio imediato da população, que se manifestou favoravelmente no Largo da Restauração, e que já havia protestado veemente contra as políticas económicas restritivas do Estado, na chamada Revolta da Farinha (entre 4 e 9 de fevereiro de 1931). A grave crise económico-financeira que assolava a Madeira e o manancial de deportações para a (e da) ilha, de dissidentes civis e militares que participaram em movimentos insurrecionais (o primeiro ocorreu na Revolta de fevereiro de 1927), propiciou o sucesso inicial da Revolta da Madeira, que teve repercussão em algumas ilhas dos Açores, Guiné Portuguesa, Moçambique e São Tomé, que se sublevaram no mesmo mês. A rápida supressão desses levantamentos por parte do regime, a incapacidade de replicar o pronunciamento no continente e a falta de armamento, irá hipotecar o sucesso da Revolta da Madeira, que, todavia, foi a de mais longa duração (28 dias).
Nesse curto espaço temporal, foi possível reunir a adesão da grande maioria dos partidos políticos locais, e formar um governo provisório onde o General Sousa Dias assumiu o Poder Executivo e Legislativo em acumulação com o Comando Militar da Madeira, secundado pelos coronéis Augusto Freiria (Chefe do Estado Maior) e Mendes dos Reis (Comandante das Forças), e ainda por Ferreira Camões (Delegado das Forças revolucionárias). Foram nomeados como Subsecretários, os cidadãos Dr. Manuel Pestana Júnior (Economia Pública) e Carlos Frazão Sardinha (Comércio e Comunicações). Entre as primeiras ações da Junta Revolucionária da Madeira, encontram-se medidas populistas como a revogação do decreto (da fome)19.273, concessão de empréstimos à indústria de bordados, proibição de especulação sobre bens essenciais e ativação de mecanismos de defesa. Perante o cenário de conflito armado, as nações estrangeiras com interesses na região acionaram meios, sendo que no dia 8 de abril já se encontrava fundeado na baía do Funchal o cruzador inglês London, com o intuito de proteger os súbditos britânicos e seus bens.
A reação do Estado ganha visibilidade a 7 de abril, altura em que partem forças de Lisboa para dominar a revolta, sob o comando do coronel Fernando Borges. A 24 e 25 desse mês, partem novas expedições para a Madeira, respetivamente sob o comando do Contra-Almirante Magalhães Correia e do Coronel Carneira. As hostilidades começam no dia 26 de abril, no Caniçal, e nos dias que se seguem ocorrem novos ataques na Calheta, Funchal e Machico, sendo que os combates mais intensos ocorreram no dia 30 (Caniçal e Machico). No dia seguinte, as forças governamentais bombardearam o litoral Sul e tomaram Machico, onde se verificam mortos e feridos. No dia 2 de maio, perante a incapacidade de contrariar as forças governamentais, que atacavam por terra, mar e ar, a Junta Governativa da Madeira, reunida no Porto Novo, envia um telegrama de rendição ao ministro da Marinha. Seguir-se-iam represálias de ordem económico-financeira e penas de degredo em África (Cultura Madeira, 4 abr. 2021).
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