Hotel Atlantis Matur, Holiday Inn 1970

 




Com a abertura do aeroporto de Santa Catarina, inaugurado a 8 de julho de 1964, a empresária Fernanda Pires da Silva (27 ago. 1926-11 jan. 2020), presidente do Grupo Grão-Pará, iniciou os trabalhos para a montagem do complexo turístico da Matur, em Água de Pena (1972-1999), sendo a maqueta do novo hotel apresentada a 16 de jul. 1970. Entretanto era inaugurado o primeiro grande hotel construído de raiz na época, o Hilton Madeira, na Praia Formosa, a 19 set. 1971 e, a 20 nov. 1972, o Sheraton, no Funchal, onde se havia levantado o antigo Hotel Atlântico e o Atlantis Holiday Inn, junto ao aeroporto, como todos os hotéis dessa cadeia internacional. Para as inaugurações deslocava-se, mais uma vez, à Madeira, o chefe do estado, almirante Américo Thomaz (1894-1987), que ainda inauguraria o bairro social do Grémio dos Bordados, acima da quinta do Til, no Funchal. O complexo da Matur representava uma inovação no contexto da hotelaria insular, afastando-se do Funchal e instalando-se a algumas dezenas de quilómetros da cidade. Era filosofia da cadeia hoteleira Holiday Inn, com a qual o Grupo Grão Pará trabalhava, o procurar novos espaços e localizar-se nas imediações de aeroportos, permitindo uma rápida instalação dos utentes e, igualmente, uma rápida saída. O complexo possuía igualmente um outro aspeto mais ou menos inovador à época, que era a articulação com pequenos apartamentos de férias, independentes da unidade hoteleira-mãe. Encontrava-se dotado também de um amplo parque ajardinado, com instalações para congressos, club de bridge, restaurantes, piscina olímpica, etc. As alterações do mercado turístico nos anos seguintes colocaram em causa o projeto e a ampliação do aeroporto levou à necessidade de demolição do Atlantis, que com os seus 17 pisos levantava questões de segurança ao tráfico aéreo, o que veio a acontecer, por implosão, a 22 de março de 2000.
Américo de Deus Rodrigues Thomaz (Lisboa, 19 nov. 1894; Cascais, 19 set. 1987) foi um dos seis filhos de António Rodrigues Tomás (1847-1928), negociante, e de Maria da Assunção Tomás (1862-1917). Ingressando na Escola Naval em 1914, logo após a entrada de Portugal na I Guerra Mundial, foi colocado na Escola de Torpedos, sendo mobilizado, pouco depois, para escoltar os comboios marítimos que se dirigiam ao norte de França e a Inglaterra e, em outubro de 1919, entra para os Serviços Hidrográficos do Ministério da Marinha. Em 1922 casou-se com Gertrudes Ribeiro da Costa (1894-1991), casamento de que houve duas filhas e um filho. Em 1940, acumulando com a chefia do gabinete do Ministro da Marinha, preside a Junta Nacional da Marinha Mercante. Ministro da Marinha desde set. 1944, Américo Tomás, fruto da sua enorme experiência em questões marítimas e piscatórias, promulga diplomas fundamentais para a renovação e expansão da Marinha Mercante. Em 1950, não tendo sido informado da profunda remodelação governamental, demonstra o seu desacordo para com as alterações propostas e coloca o seu lugar à disposição. Perante a sua decisão, o Presidente do Conselho, António Salazar (1889-1970) recua e Américo Tomás aceita permanecer no cargo. Nessa sequência, seria o candidato do Estado Novo para defrontar o general Humberto Delgado (1906-1965) nas eleições de 1958 e, alteradas as condições da eleição presidencial, seria sucessivamente reeleito em 1965 e 1972. Durante os cerca de 16 anos na Presidência da República, destacam-se dois momentos em que a sua intervenção é decisiva: a Abrilada de 1961, quando um grupo de oficiais liderado pelo general Júlio Botelho Moniz (1900-1970) pretendeu a substituição de Oliveira Salazar e, depois, em 1968, face à incapacidade, então a sua substituição por Marcelo Caetano (1906-1980). Nos últimos anos da Ditadura assume a prossecução da política ultramarina e do esforço de guerra. É destituído do cargo com Revolução de 25 de Abril de 1974, tendo de se refugiar com a família e alguns elementos da sua Casa Militar no Forte da Giribita, em Caxias. No dia seguinte segue para a Ilha da Madeira, partindo depois para o exílio no Rio de Janeiro. Em maio de 1978 é-lhe permitido regressar a Portugal. O almirante Américo de Deus Tomás efetuou várias visitas à Madeira, passando pelo palácio de São Lourenço em 17-23 jul. 1962, 8 set. e 16 out. 1963, na ida e no regresso da viagem a Angola; 30 ago. 1969, quando do seu regresso da visita aos Açores; a 16 jul. 1970, em viagem no Príncipe Perfeito, quando visitou várias estruturas hoteleiras em construção; em 18-21 set. 1971, chegando de avião e partindo no paquete Funchal; em 20-22 nov. 1972, novamente de avião, quando inaugurou o Sheraton e o Holiday Inn; e em 8-10 set. 1973 para inaugurar a aerogare do aeroporto do Funchal e o Hospital Distrital do Funchal. Voltaria a estar em São Lourenço, por outros motivos, em abril e maio de 1974.








https://www.facebook.com/groups/785287114827432/media

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Video da viatura em contra mão no sentido Santa Cruz - Machico

Estrada da Queimada - Água de Pena - Machico